Menopausa e ambiente de trabalho: quando “falta de foco” é, na verdade, perimenopausa

A perimenopausa — fase de transição que pode começar ainda nos 40 anos — embaralha hormônios, sono, humor e cognição. No trabalho, isso costuma ser rotulado como “desatenção”, “preguiça” ou “depressão repentina”. Resultado: mulheres sofrem em silêncio, a produtividade cai e a empresa perde talento por falta de compreensão e estrutura.

Este guia explica o que muda no corpo, como isso aparece no dia a dia profissional e o que colaboradoras e empresas podem fazer para atravessar a fase com acolhimento e eficiência.

O que é perimenopausa (e como ela pode parecer outra coisa)

É o período antes da menopausa, quando os hormônios começam a oscilar. Pode durar de alguns meses a até 10 anos. Os sintomas variam muito, mas frequentemente incluem:

  • Queda do estrogênio → oscilações de serotonina: irritabilidade, tristeza “sem motivo”, ansiedade.

  • Fogachos (ondas de calor) → aumento de cortisol: cansaço, lapsos de memória, sensação de “cérebro enevoado”.

  • Sono leve ou fragmentado → piora do humor, da atenção e da energia no dia seguinte.

No escritório, isso pode ser confundido com burnout, depressão, falta de comprometimento – quando, na verdade, é biologia pedindo cuidado.


Como esses sintomas aparecem no trabalho

  • “Apaguei” no meio da reunião e esqueci uma palavra simples.

  • Irritação maior com barulhos, interrupções e mudanças de agenda.

  • Queda de autoconfiança: dúvida constante sobre a própria performance.

  • Fadiga no meio da tarde, mesmo com café.

  • Dificuldade de regular a temperatura (ar-condicionado parece gélido; depois, calor insuportável).

O que acontece no corpo (em linguagem clara)

  1. Estrogênio ↓
    Regula humor, atenção, memória de trabalho. Quando oscila, você pode sentir “desligamentos”, choros sem explicação ou uma irritação que não era comum.

  2. Progesterona ↓
    Ajuda a acalmar e dormir. Com menos progesterona, insônia e ansiedade tendem a aumentar.

  3. Cortisol ↑ (por fogachos, estresse, sono ruim)
    Mais cortisol = mais cansaço, pior foco, maior tendência a tomar decisões no piloto automático.

Como se cuidar (você, colaboradora)

1) Ajustes rápidos no dia a dia

  • Pausas curtas de respiração 4‑2‑6 (inspira 4 s, segura 2, solta 6): 2 minutos antes de reuniões importantes reduzem ansiedade.

  • Água sempre por perto + roupas em camadas para lidar com variação de temperatura.

  • Luz natural pela manhã para regular relógio biológico e melhorar o sono à noite.

2) Alimentação que ajuda

  • Ômega‑3 (sardinha, atum, linhaça moída, chia) → apoio ao humor e à inflamação.

  • Cálcio + vitamina D (iogurte, gergelim, folhas verdes + sol controlado) → saúde óssea e muscular.

  • Menos ultraprocessados → menos inflamação silenciosa, melhor estabilidade de humor.

3) Sono é prioridade

  • Corte cafeína após 14h.

  • Evite telas 60 min antes de dormir.

  • Ritual de desaceleração (banho morno, leitura curta, respiração).

4) Busque avaliação profissional

  • Ginecologia (para discutir terapias hormonais ou alternativas).

  • Nutrição Comportamental (ajuste alimentar sem terrorismo nutricional).

  • Psicologia (acolher as mudanças, trabalhar autocompaixão, reorganizar rotina).

O que a empresa pode — e deve — fazer

  1. Reconhecer oficialmente a perimenopausa como fase de saúde feminina que impacta o trabalho.

  2. Ajustar ambiente físico: salas ventiladas, acesso a água gelada, controle de temperatura.

  3. Flexibilizar pausas curtas para respiração, ordenha (quando necessário) ou regulação de fogachos.

  4. Treinar lideranças para comunicação empática: abrir espaço para conversas sem estigma.

  5. Programas de bem-estar corporativo integrados: Psicologia, Nutrição, Movimento — com métricas claras (redução de absenteísmo, engajamento, satisfação).

  6. Políticas de horário flexível quando sintomas estão mais intensos (insônia, crises de ansiedade, fogachos graves).

Cultura importa: quando a mulher pode falar “estou na transição da menopausa” sem medo de rótulos, ela produz melhor, permanece na empresa e vira aliada para outras que virão.

Checklist rápido (para imprimir e levar pra vida)

  • Sinto ondas de calor no trabalho que prejudicam minha concentração.

  • Meu sono piorou e acordo sem energia.

  • Tenho esquecido palavras simples ou tarefas rotineiras.

  • Me sinto irritada ou triste sem motivo claro.

  • Tenho sentido culpa por não “render” como antes.

  • Ainda não conversei com meu médico/terapeuta sobre isso.

Como a Síncrona pode ajudar

A Síncrona integra Psicologia, Nutrição Comportamental e Movimento para apoiar mulheres nessa transição — e empresas que desejam criar ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos. Oferecemos:

  • Atendimentos individuais (online e presencial)

  • Programas corporativos para times e lideranças

  • Rodas de conversa e workshops sobre saúde da mulher, menopausa e qualidade de vida no trabalho

Perimenopausa não é frescura, nem “drama”, nem falta de vontade. É uma fase biológica com impacto real no humor, no sono, na memória e no trabalho. Com escuta, ajustes simples e suporte multiprofissional, é possível atravessar esse período com dignidade, produtividade e bem-estar.

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