Fome ou sede? O que seu corpo tenta dizer enquanto você segue no automático

Eu estava em um daqueles dias imensos, emendando uma tarefa na outra, com a sensação de que não terminaria nunca, segurando até o xixi, com o pensamento: “Só mais essa que é rapidinho e aí eu termino”, quando vi, estava faminta, com um cansaço imenso e nem minha meta de água eu havia conseguido. É nesse ritmo acelerado de trabalho, cheio de prazos, reuniões e entregas, que a gente esquece que o corpo não funciona na mesma velocidade da agenda. Mesmo assim, ele continua tentando se comunicar. Só que, quando estamos no automático, esses sinais ficam cada vez mais discretos.

Um exemplo simples: a confusão entre fome e sede.
A mesma região do cérebro que regula o apetite também regula a sede. Ou seja, quando estamos há muitas horas sem beber água, o corpo pode emitir sinais parecidos com fome: aquela queda de energia, leve dor de cabeça, distração, vontade de “beliscar” algo rápido. E o desafio se intensifica quando a rotina acontece no modo automático, com pausas improvisadas e refeições negociadas com o relógio. Temos a impressão de que a fome chega “do nada”, mas, na verdade, só não foi percebida desde o ínicio. 

Do ponto de vista fisiológico, a hidratação adequada ajuda a regular hormônios relacionados ao apetite, melhora o foco e mantém estáveis processos metabólicos fundamentais, e quando ela falha, a interpretação dos sinais se embaralha. Comportamentalmente, comer em modo automático (ou emocional) é uma resposta comum em rotinas sobrecarregadas, não um “erro pessoal”, reparar nesses sinais é uma forma de voltar para si, mesmo em dias corridos.

Por isso, ao invés de ficar preso na culpa, vale transformar a percepção em prática, evitando deixar um cuidado básico para depois.

Experimente uma pausa de 10 segundos quando a vontade de comer aparecer fora do horário habitual: 

  • Como está a boca? Seca?

  • Há quanto tempo você não bebe ou come algo com água?

  • A sensação vem do estômago ou do cansaço mental?

  • Você sente fome ou busca alívio?

Esse pequeno ato de checagem interna não é uma cobrança, é um lembrete de que perceber o próprio corpo é uma habilidade que se treina. E quanto mais você se escuta, mais fácil fica diferenciar a fome verdadeira, a sede, e até aquela vontade emocional de conforto, que é legítima. 

E quando falamos em hidratação, não estamos falando só de “beber mais água”.
O corpo também se hidrata por meio de:

  • frutas ricas em água (melancia, melão, laranja, abacaxi);

  • vegetais como pepino, tomate, abobrinha;

  • chás naturais;

  • águas saborizadas;

  • sopas e caldos;

  • até refeições úmidas, como ensopados, purês e preparações com molho.

No fim do dia, não se trata apenas de beber água ou comer “direitinho”, mas de construir uma relação menos automática e mais consciente com você mesma.

E se tem algo que eu vejo diariamente, é como pequenas práticas de autocuidado, como: perceber fome, sede, limites e pausas podem transformar a forma como trabalhamos. Na Síncrona, levamos exatamente essa conversa para dentro das empresas: palestras e workshops que ajudam equipes a desenvolver autocuidado real, sustentável, que aumenta a produtividade sem que ela custe a saúde.
Porque gente cuidada trabalha melhor e mais inteira.

Seu corpo sempre fala. Talvez hoje seja um bom dia para ouvir.

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